Parada Gay de Caxias reúne 300 mil pessoas, segundo organizadores



PM também confirmou número de participantes que lotaram a avenida.
Depois da parada, público se divertiu com a bateria da Grande Rio.

Cerca de 300 mil pessoas animaram a Avenida Brigadeiro Lima e Silva, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na 4ª Parada do Orgulho Gay da cidade. Mesmo debaixo de forte calor e um atraso de duas horas, ninguém arredou o pé da avenida.

O número de participantes foi confirmado por policiais do 15º BPM (Duque de Caxias), que garantiram a segurança na festa. Até as 19h, nenhum incidente grave foi registrado.

Durante quase três horas, gays, lésbicas, travestis, transexuais e famílias inteiras se divertiram ao som da música eletrônica tocada por três trios elétricos.
Criança no trio elétrico

Sem levar em consideração a polêmica em torno da decisão da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Caxias, muita gente levou os filhos pequenos para ver o desfile. Na sexta-feira (13) o juiz Aílton dos Santos assinou decisão proibindo a participação de crianças e adolescentes na parada.

A nota destoante ficou por conta de uma mulher, que ignorando as regras de segurança da organização do evento, desfilou em cima do último trio elétrico com uma criança. No momento do flagrante, não havia mais nenhum representando do Conselho Tutelar no local.

"Isso acontece. É muito difícil controlar toda essa gente. O que importa é que essa foi a parada da vitória da resistência contra o preconceito", disse Cláudio Nascimento, da Secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, que representava o governador do estado.

Ainda na concentração da parada ele chegou a declarar: "Os menores de
18 anos não poderão desfilar nos trios por uma medida de segurança.
Mas não há nada que os impeça de desfilar ou assistir a parada. É saudável e educativo ter contato com a diversidade".
Clima quente

O clima começou a esquentar ainda na concentração. O Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente distribuiu nota repudiando a decisão do juiz e informando que o magistrado não tem competência para decidir sobre o direito de crianças e adolescente num evento em espaço aberto.

"Trata-se de uma decisão tecnicamente equivocada e politicamente preconceituosa ", disse o presidente do conselho, Carlos Nicodemos.

Nos discursos que antecederam a parada, Nascimento anunciou que o governo do estado vai disponibilizar R$ 400 mil para a instalação em Caxias do Centro de Referência de Promoção da Cidadania. Até dezembro, em todo o estado, serão 12 centros como esse para defender os direitos dos homossexuais.
Queda de braço

O evento em Duque de Caxias acontece depois de uma queda de braço do prefeito, José Camilo Zito dos Santos, com os representantes de gays, lésbicas, travestis e transexuais. Contra a manifestação, Zito chegou a impedir a realização da Parada Gay, que estava marcada para o dia 11 de outubro. Ele também não queria a realização na Avenida Brigadeiro Lima e Silva, mas acabou cedendo.

Polêmicas à parte, o clima no início da parada era de muita animação. O travesti Sheeva Boy, de 29 anos, que mora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, disse que acordou cedo para se preparar para a festa. "Minha mãe começou a me maquiar às 8h da manhã", contou.

Os fundadores da Igreja Cristã Contemporânea, Fábio Inácio, 30, e Marcos Gladstone, 33, exibiam um cartaz pelo direito de ser gay e cristão. Eles anunciaram o casamento com direito a cerimonial evangélico, no próximo dia 20, no Rio.

O ministro do Meio Ambiente Carlos Minc acompanhou o desfile, que terminou no Passo da Pátria, cerca de 1,5 quilômetro depois, ao som da bateria da escola de samba Grande Rio.

O cabeleireiro Nathalie, de 32 anos, morador de Caxias, estava extasiado com a parada.

"Mais do que a parada da vitória, essa parada foi realmente a glória", disse Nathalie, que sempre desfila com um figurino diferente.

Fonte:http://www.g1.com.br

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