ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Embalado por uma ostensiva campanha visual em todo mundo e, claro, grande expectativa por conta da mais nova colaboração entre Burton e Depp, Alice no País das Maravilhas estreou com força total, faturou mais de US$ 200 milhões no primeiro fim de semana e desbancou Avatar como melhor abertura da história. Também pudera, teve cerca de 220 salas 3D a mais que o filme de James Cameron – é o mercado em franca expansão para atender à crescente demanda da tecnologia – e a máquina de fazer dinheiro chamada Walt Disney. Tudo isso, claro, conseqüência de um trabalho que começou na infância de Tim Burton, quando o diretor leu o clássico de Lewis Carroll pela primeira vez.


Alice no País das Maravilhas só não é o grande filme que muitos gostariam porque o diretor Tim Burton nunca foi muito bom em narrar histórias. Seus filmes em geral têm roteiros ruins e a ação não é seu forte, mesmo que algumas obras, como Edward Mãos de Tesoura, as tramas sejam muito belas. Ao contar a superconhecida história de Alice, as cenas de ação não funcionam e o final, com Alice tendo de matar um monstro gigantesco, Jabberwocky, simplesmente não convence - mas, sinceramente, quem se importa?


Fora isso, é o que há de melhor neste que sem dúvida é um dos grandes diretores americanos da atualidade. Sua adaptação por vezes é genial, com os dois universos, o de Lewis Carroll e o de Tim Burton, unindo-se de maneira quase perfeita. Só não vá esperando os maneirismos, as facilidades, os reducionismos e os clichês de um James Cameron em Avatar ou mesmo o gótico anódino e asséptico da Hogwarts de Harry Potter. A Wonderland de Tim Burton não é aprazível nem foi feita para agradar. Alice dificilmente encontrará lá um ambiente idílico e propício para a fuga : seus melhores amigos são seres para lá de bizarros, na maioria das vezes viciados. Caberá a Burton humanizá-los, e essa é uma das melhores coisas do filme.

Só isso já vale o ingresso, mas só isso não fazem de Alice no País das Maravilhas um filme “maravilhoso”.

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