Elton John e Rod Stewart fazem a noite dos hitmakers

Rod veio ao primeiro Rock in Rio, em 1985, e ficou com lembranças eternas de sua passagem pelo Rio de Janeiro / Foto: divulgação

Rod veio ao primeiro Rock in Rio, em 1985, e ficou com lembranças eternas de sua passagem pelo Rio de Janeiro
Foto: divulgação
Reginaldo e Roderick. Seriam bons nomes para uma dupla sertaneja saída dos campos do interior da Inglaterra se o primeiro não tivesse tido a inspiração para tornar-se Elton John e, o segundo a iluminação que o fez virar Rod Stewart. Reg e Rod saíram das mesmas costelas proeminentes do rock and roll inglês dos anos 1970, ambos com a crueza que a era permitia, e, aos poucos, foram se tornando, curiosamente, e ao mesmo tempo, baladeiros.

Por isso, este domingo (20) não é dia de rock, mas de pop. O Palco Mundo terá como atração maior, a partir da meia-noite, Rod Stewart. Rod veio ao primeiro Rock in Rio, em 1985, e ficou com lembranças eternas de sua passagem pelo Rio de Janeiro. Elton John, que canta antes dele, a partir das 21 horas, também poderia fechar a noite, mas pesa contra ele o fato de já ter marcado presença na edição de 2011 (não que esta seja uma regra, já que o Metallica sempre volta e sempre fecha as noites de metal).

As memórias de Rod Stewart foram parar em sua autobiografia, lançada em 2013 no Brasil, para o choque de muitos fãs. Sem medir consequências, ele fala de como e em quais entradas de seu corpo injetava cocaína sem cerimônia durante os anos 1970. E, de Brasil, reserva quase duas páginas se referindo ao Rock in Rio. Rod se lembra de que o festival era "muito organizado" (não é o que todos os que estiveram por lá dizem), que os fãs eram enlouquecidos e que a cocaína era vendida em baldes. Esta é uma história que só tem o músico de ascendência escocesa como testemunha. Cocaína havia, mas em baldes pode ter sido uma licença poética.


Quando chegam os anos 1980, tanto para Rod quando para Elton, a acidez vai ganhando salpicadas de açúcar até que suas produções chegam ao limite suportável do pop. A sonoridade clássica que os tornaria objeto de colecionador nos anos 2000 ganha massas de guitarras sobrepostas e teclados e uma nova era é inaugurada. Até que, para sorte dos fãs, os anos 2000 começam a revisitar suas histórias (Elton também ganha em 2012 uma biografia escrita por David Buckley). O pianista tem sido generoso em suas últimas aparições no Brasil. Toca seus hits de baile, como Your Song (quem teria coragem de apedrejar uma canção como essa?), Rocket Man, Daniel e Goodbye Yellow Brick Road, todas inquestionavelmente invencíveis, mas também inclui Levon, Tiny Dancer, e sempre uma surpresa retirada sobretudo de discos que criaram sua sonoridade.

Elton traz uma banda que o acompanha desde 1969, quando seus cabelos ainda eram naturais e sua voz não havia ganho corpo nos graves. Quando empilhava discos como Empty Sky (1969), Elton John (1970), Tumbleweed Connection (1970), Madman Across the Water (1971), Honky Château (1972). Apenas ele e Paul McCartney podem fazer cinco shows pop de duas horas sem repetir nenhuma canção. É um dos últimos exemplares de uma raça chamada hitmaker.

Fonte: Estadão

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