Cantora Dona Ivone Lara morre aos 97 anos

A sambista Ivone Lara lutava contra uma infecção renal, com complicações causadas pela idade


Dona Ivone é autora de músicas como Acreditar e Sonho Meu
Foto: Reprodução/Facebook Ivone Lara

O mundo do samba ficou mais triste na noite desta segunda-feira (16/4). Morreu, aos 97 anos, no Rio de Janeiro, Dona Ivone Lara. A cantora estava internada em um hospital particular do Leblon e tentava se recuperar de uma anemia, mas não resistiu.

Além do legado musical, ela entrou para a história como a primeira mulher a compor uma letra para escola de samba-enredo, em 1965. Foi ao som de Os Cinco Bailes da História do Rio que a Império Serrano desfilou no Carnaval que homenageou os 400 anos do Rio.

Os fãs brasilienses da dama do samba puderam vê-la, ao vivo, pela última vez, em 14 de setembro de 2015, quando ela se apresentou no evento Flores em Vida, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Na ocasião, ela foi acompanhada pelo 7 na Roda — à época Adora Roda —, grupo formado por sete jovens talentosos sambistas da capital federal.


Sucessos
Ao longo da carreira, Dona Ivone Lara colecionou sucessos. O mais estrondoso deles, que atravessou gerações e ainda permanece no auge é Sonho Meu, uma composição dela em parceria com Décio Luiz. Pela voz dela, outros sambas caíram na boca do povo, como Acreditar, Tiê, Tendência, Sorriso Negro e tantas outras.

Maria Betânia, Clara Nunes, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Diogo Nogueira, Elba Ramalho, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Vanessa da Mara, Teresa Cristina, Leci Brandão, Paulinho da Viola e Alcione estão entre alguns dos músicos que gravaram canções compostas pela também chamada de Diva do Samba.

A popularidade de Dona Ivone no Brasil chegou aos quatro cantos do mundo, levando-a  a se apresentar na África, nos Estados Unidos (EUA) e em alguns países da Europa.

Luta contra o machismo
Em 27 de março de 2016, o Metrópoles contou em detalhes a trajetória da sambista. Nos anos 1940, Dona Ivone escreveu os primeiros sambas-enredo e partidos-alto. Naquela época, o machismo era mais forte do que nos dias atuais e ela precisou buscar uma solução para que seus sambas fossem cantados na quadra da agremiação Prazer da Serrinha. A saída foi entregar as músicas para o primo Fuleiro, que interpretou as composições como se fossem dele.

Em 1965, o ambiente predominantemente masculino das escolas de samba começou a mudar. Dona Ivone ingressou na Ala de Compositores da Império Serrano. De lá pra cá, ela tornou-se madrinha da ala dos compositores de sua escola de coração (que fez dela enredo em 2012 com (“Dona Ivone Lara: Enredo do meu samba”).

Recentemente, um dos tributos veio em formato de super produção: CDs, DVD, discobiografia, site e livro de partituras com seus sucessos. No “Sambabook Dona Lara”, Leci Brandão, Zélia Duncan e Maria Bethânia cantam “Enredo do Meu Samba”, Tendência” e Sonho Meu”, entre outros sambas emblemáticos da artista.


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